quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Bangai-O Spirits (DS)

Míssil no olho dos outros é refresco

Ah, Treasure. A equipe que, ainda sob o teto da Konami nos trouxe Castlevania IV – e enlouqueceu jogadores com games como Gunstar Heroes, Ikaruga e Mischief Makers. Especialistas em colocar na tela mais balas do que ela consegue suportar, agora ela volta ao Nintendo DS com Bangai-O Spirits, seqüência de seu game de robôs da era 64. Um game com a insanidade de sempre... ou talvez um pouco além da conta.

Não há muito para explicar do que existe por trás da aventuras cibernéticas do novo Bangai-O. Você é o piloto de um robô gigante que, com suas espadas laser, tacos de baseball e mísseis de todos os tipos, cores e tamanhos, precisa encarar sozinho o ataque de um exército maligno... também de robôs. As fases são imensas, os inimigos são numerosos e o desafio é digno de um bom jogo da Rare: alto. Muito alto. Não é raro você simplesmente perder a noção do que está acontecendo na tela tamanho o número de balas e peças de metal voando ao mesmo tempo. No 64 e no Dreamcast, a experiência era ao mesmo tempo de arrancar tufos de cabelo e gritos de satisfação. Na reedição o foco fica só com o primeiro.

Spirits é o mais fraco jogo da Treasure desde Advanced Guardian Heroes, a seqüência do excelente game de ação do Saturn para o portátil da Nintendo – e levando-se em consideração o alto nível da empresa, isso ainda quer dizer que o game tem várias qualidades. No novo GH, o problema foi o distanciamento do espírito insano que consagrou o original, mas aqui acontece justamente o contrário. O Bangai-O para Nintendo DS parece ser hardcore simplesmente por ser hardcore, sem uma boa “desculpa” para isso. Em boa parte, o jogo é mais frustrante do que recompensador.

A culpa disso cai principalmente em como o jogo é estruturado, e não na aventura robótica em si. Os comandos, apesar de (relativamente) simples e de boa resposta, são explicados em uma seqüência de tutoriais curtos e mal explicados, nos quais é perfeitamente possível morrer sem nem saber o motivo, o que piora quando o jogo começa “de verdade”. Não existe uma progressão de fases nem um modo de campanha. Elas são divididas em categorias (como “as melhores” e “quebras-cabeças”) e podem ser acessadas em qualquer ordem, a qualquer momento. A habilidade de um mestre é exigida desde o primeiro momento – o que para alguns pode ser uma grande qualidade do jogo.

Um ótimo exemplo disso é o que pode ser considerado a primeira fase do jogo – ou a número um da categoria “As Melhores da Treasure”. Seu robô começa bem no meio do cenário cercado por inimigos que disparam centenas de tiros, e um segundo de desatenção significa morte. Mesmo depois de escapar do primeiro ataque, não importa para onde você voe, estará sempre cercado. É daí pra pior.

Mas isso não quer dizer que não exista diversão em Bangai-O Spirits – ela só está escondida debaixo de várias camadas de frustração. O design de algumas das fases mistura combates, raciocínio rápido e solução de quebra-cabeças de uma maneira que poucos jogos de tiro conseguem. Às vezes, lembrar bem qual inimigo aparece em cada parte da tela atirando qual direção também é necessário. Outro traço característico dos jogos da Treasure.

O modo de construção de fases ainda é o elemento que mais brilha nessa aventuras espacial. Escolher e posicionar obstáculos, armadilhas e inimigos usando a caneta é intuitivo, fácil e rápido, e você ainda pode testar as suas criações usando um personagem com vida infinita. Excessos e desafios adicionais podem ser adicionados e retirados em tempo real, o que torna tudo ainda mais ágil. O melhor de tudo é que os mapas podem ser compartilhados por um sistema digno de cientista maluco de desenho japonês: cada estágio criado gera uma seqüência de sons aparentemente desconexos... que podem ser captados pelo microfone de outro DS para que ele seja recriado lá. Daí até criar arquivos em MP3 para compartilhar na Internet é um pulo.

Depois que as balas voaram e os robôs explodiram, Bangai-O Spirits é para se amar ou odiar. Escolha suas armas e tente a sorte – mas não reclame se estiver com cabelos a menos depois que desligar o seu DS.

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